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ENTREVISTA | Sara Queiroz: "Nossa parte está no apoio, orientação e suporte aos indivíduos."

Sara Queiroz, 31 anos, é psicóloga. Longe dos consultórios clínicos, ela lida diretamente com problemas sociais. Isto é, das pessoas em situação de risco social ou que tiveram direitos violados. Aliás, esse é um dos nossos objetivos aqui: entender qual suporte público o DF oferece a esses indivíduos. Assim, o Caderno 61 visitou o Centro de Referência Especializado em Assistência Social (CREAS), unidade de Samambaia Norte-DF, para entender como um profissional dessa área atua.

1) Que tipo de serviço é prestado no CREAS?


Nós fazemos parte da média complexidade. O público atendido aqui é composto por famílias ou indivíduos que tiveram direitos violados.

2) Como um indivíduo ou família consegue ser atendido?


A porta de entrada é documental ou espontânea. No CREAS Samambaia, a maior parte dos casos é de origem documental.

3) Quais os maiores desafios em se trabalhar no CREAS?


A baixa quantidade de servidores. Segundo a Tipificação de Serviços Socioassistenciais, deveríamos ter pelo menos 8 funcionários atendendo a população de Samambaia. Mas em nossa unidade existem apenas 3 pessoas, que também recebe os moradores do Recanto das Emas. Então assim, nós trabalhamos 3 vezes mais do que a norma tipifica. É acima do padrão. Além do mais, a nossa carreira não tem uma política de planejamento e previsão de orçamento para contratação de servidores.

4) Vocês contornam essa situação? Cobram as chefias?


Cobrança é a pauta mais recorrente da nossa Secretaria (risos). O Sindicato dos Servidores da Assistência Social também cobra as autoridades e realiza mobilizações.A própria gestão da Secretaria [Desenvolvimento Social] também faz a parte dela nesse sentido. Nós estamos sem carro para fazer as visitas domiciliares. Então fazemos parcerias com alguns órgãos que têm transporte. O Ministério Público, por exemplo, tem uma estrutura de trabalho maravilhosa. Oportunamente, pedimos para visitar famílias junto com a equipe deles. Desse jeito, é quando temos os melhores resultados. Ou seja, trabalhando com a rede articulada.

5) Quais as situações mais frequentes atendidas aqui no CREAS?


Violência contra idosos. Esse é o caso que mais chega aqui através do Disque 100. Em segundo lugar, violência doméstica do público adulto, onde a vítima é principalmente a mulher; a questão do uso de álcool e drogas por homens; e a situação de rua. Depois, há as ocorrências de negligência e violência sexual de crianças e adolescentes. Os órgãos públicos também nos enviam casos, como os Conselhos Tutelares, Saúde, Educação e Promotorias de Justiça.

6) Em maio deste ano, duas crianças foram espancadas pelos tios em Planaltina-GO. O caso repercutiu muito na mídia. Isso porque uma foto mostra ferimentos profundos no joelho de umas das crianças. Nesse caso, como o CREAS atuaria?

O CREAS não é um equipamento de referência em emergência ou flagrante. Quando se fala em criança e adolescente, tudo começa pelo Conselho Tutelar. O CREAS entra em um momento posterior, quando a violência já foi constatada. Nessa situação, entraríamos na avaliação e acompanhamento de quem ficaria com os pequenos- uma família extensa ou acolhimento institucional. Ou seja, nossa parte está no apoio, orientação e suporte aos indivíduos.

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